Salgueiro Maia: O herói de Abril que recusou mordomias e privilégios

Salgueiro Maia (1 Julho 1944 — 3 Abril 1992)

Ao longo da sua vida recusou sempre mordomias, privilégios e outras prebendas... Para este honroso militar, bastou-lhe o dever cumprido.


Discurso do Capitão Salgueiro Maia, na madrugada de 25 de Abril de 1974, durante a parada da Escola Prática de Cavalaria, em Santarém:
Meus senhores, como todos sabem há diversas modalidades de Estado. Os estados socialistas, os estados capitalistas e o estado a que chegámos. Ora, nesta noite solene, vamos acabar com o estado a que chegámos!

Salgueiro Maia: O herói de Abril que recusou mordomias e privilégios

No dia 1 de Julho de 1944 nasceu, em Castelo de Vide, Fernando José Salgueiro Maia. Foi um dos principais Capitães intervenientes na Revolução do 25 de Abril de 1974, que marcou o fim de 48 anos de ditadura em Portugal.

Comandou a coluna que saiu de Santarém em direcção a Lisboa, ocupou o Terreiro do Paço e cercou o quartel do Carmo, onde se havia refugiado Marcelo Caetano. Foi ele quem escoltou Caetano até ao avião que o transportaria para o exílio no Brasil.

A 25 de Novembro de 1975 sai da Escola Prática de Cavalaria, comandando um grupo de carros às ordens do Presidente da República. Será depois transferido para os Açores só voltando a Santarém em 1979 onde ficou a comandar o Presídio Militar de Santarém.

A 24 de Setembro de 1983 recebe a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade e, a título póstumo, o grau de Grande-Oficial da Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito. Também a titulo póstumo, recebe em 1992 e em 2007 a Medalha de Ouro de Santarém.

Salgueiro Maia no Largo do Carmo
imagem: ©Eduardo Gajeiro, 25 Abril 1974, Salgueiro Maia no Largo do Carmo fala com a população

Ao longo da sua vida recusou sempre mordomias, privilégios e outras prebendas com que alguns dos chamados 'Capitães de Abril' se banquetearam. Para este honroso militar, bastou-lhe o dever cumprido.

Com o posto de Tenente-Coronel, Salgueiro Maia faleceu a 3 de Abril de 1992, a três meses de fazer 48 anos, praticamente na flor da idade.

A SALGUEIRO MAIA
(Sophia de Mello Breyner Andresen)


Aquele que na hora da vitória
Respeitou o vencido

Aquele que deu tudo e não pediu a paga

Aquele que na hora da ganância
Perdeu o apetite

Aquele que amou os outros e por isso
Não colaborou com a sua ignorância ou vício

Aquele que foi "Fiel à palavra dada à ideia tida"
Como antes dele mas também por ele
Pessoa disse.

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