Políticos escaparam à Justiça, mas afundaram-se com os submarinos num lodaçal

Paulo de Morais: "A Justiça portuguesa desistiu da acusação de corrupção no negócio dos submarinos. Embora ninguém tenha dúvidas de que houve corrupção. E da grossa".


Processo arquivado! A Justiça portuguesa desistiu da acusação de corrupção no negócio dos submarinos. Embora ninguém tenha dúvidas de que houve corrupção. E da grossa. Como não se identificam individualmente os corruptos, então a responsabilidade terá de ser assumida politicamente por todos os governantes com intervenção no processo.

O caso assume múltiplas facetas. Por um lado, houve pagamento de subornos aos decisores da compra, o que foi inequivocamente provado pelos tribunais alemães. Não bastasse a existência de "luvas", o Estado português ainda desperdiçou os milhões a que Portugal tinha direito como contrapartidas. 

Deveriam ter sido realizadas encomendas a empresas nacionais por parte do consórcio vendedor. Mas, estranhamente, sucessivos governos abdicaram do cumprimento dos contratos. E até o modelo de financiamento da compra foi opaco. 

Portas exigiu que o BES integrasse o consórcio financiador e permitiu um aumento obsceno das margens de lucros bancárias: mais de 30 por cento. Inexplicavelmente, já na era de Sócrates, o governo afectou mil milhões ao pagamento deste descalabro.

São diversos os tipos de corrupção e envolvem os vários partidos: a compra decorre entre a governação de Guterres e a de Barroso; o financiamento é mal negociado por Portas e a despesa é mal assumida por Sócrates. Finalmente, o desleixo ao nível das contrapartidas é responsabilidade de todos: Guterres, Barroso, Sócrates e Passos.

Está tudo por esclarecer, mas os diferentes protagonistas políticos na área da Defesa apenas têm tido uma preocupação: escapar à Justiça. Enquanto continuam a controlar o setor, através de perversas redes de promiscuidade: o deputado Matos Correia, presidente da comissão parlamentar de Defesa, é advogado na sociedade de Rui Pena, ministro da Defesa de Guterres; José Luís Arnaut, ex-presidente da mesma comissão, é coincidentemente advogado do mesmo escritório.

Processo arquivado! Os políticos escaparam à Justiça, mas afundaram-se com os submarinos num lodaçal.

Paulo de Morais
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