«Pretensos donos do 25 de Abril»

Eu tenho memória, lembro. Tudo o que não era da cor, era a eliminar, a reeducar, eu sei lá...

Rui Veloso: Pretensos donos do 25 de Abril
texto: Rui Veloso, 2015 | Exclusivo: PG, amavelmente cedido pelo próprio. (Cópia proibida)

Lamentável a terminologia que começa a despontar no Facebook dos saudosistas do PREC e pretensos donos do 25 de Abril. Em tudo decalcada da de 1975.

Eu tenho memória e não quero, nem admito que alguém, por eu pensar diferente e, por exemplo, achar que o 25 de Novembro foi tão importante ou quase, como o de Abril, me venha chamar de fascista, reaccionário, fora os termos mais recentes como homofóbico, muito usado para insultar seja quem for que faz uma graça ou dá uma opinião e tantos mais utilizados, como se fazia na altura.

Tudo o que não era da cor, era extrema direita, fascista, fascistóide, a eliminar, a reeducar, eu sei lá...

Há muita gente neste país que não se revê nem dum lado nem doutro, como eu, nem quer. Assim como há muita gente séria e alguns bandidos em todos os partidos (proporcionalidade aplica-se aqui, quanto maior o partido mais possibilidade de haver mais bandidos)... Basta olhar para a abstenção, onde eu me coloquei muitas vezes por não acreditar nem nuns nem noutros, não ter sequer alternativa.

Não pode agora vir meia dúzia, só porque inebriada pelo perfume insidioso do poder, dizer que eu agora vou ter que pensar como eles, ou calar-me!! Isto não é a Venezuela!! Embora muitos dos que reabriram o livro PREC o quisessem e estivessem prontos a atropelar o mais básico direito da humanidade para conseguir os seus desígnios, a LIBERDADE!!

Eu tenho memória, lembro.

Há lugar para todos, não se convençam que agora o povo baixa as orelhas e não está vigilante, desde 75 até agora a mensagem tem sido clara. 

Quero que este governo seja bem sucedido (como quis fervorosamente para todos os outros, e deu no que deu), para bem de muitos portugueses que sofreram nos últimos 40 anos às mãos de políticos e partidos corruptos e sem escrúpulos, vindos todos sabemos de onde. Do famoso Arco que delapidou este país.

Mas tenho, infelizmente, muitas dúvidas. As diferenças são, provavelmente, insanáveis. É como se, ao fim de muitos anos, pusessem uma banda de música pimba a tocar com um grupo de jazz. Os instrumentos até podem ser os mesmos, o que se faz com eles é outra música.
Nobre povo, nação espezinhada, é o que é.
Rui Veloso

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