Temos que parar de fingir que se resolve isto apontando o dedo à população

Temos que parar de fingir que se resolve isto apontando o dedo à população

Raquel Varela: Uma pandemia não se combate pegando no desgraçado que está só num bar, à noite, a tomar uma ginjinha.
 
Vamos ser sérios: se os cuidados intensivos e hospitalares público estão à beira da ruptura, como tem sido anunciado, tem que haver recrutamento emergencial de médicos e enfermeiros do sector privado para o público. Hoje. 

Estamos no pico de uma pandemia que nos casos graves leva as pessoas semanas aos hospitais. Como há milhares de casos por dia o aumento de internamentos em uma semana será enorme. 

Como isto se vai resolver? Impedindo as pessoas de ir à esplanada ao sábado à tarde? 

Deixemo-nos de brincar com a vida dos outros enquanto mantemos as estruturas privadas intactas a distribuir lucros pelos accionistas. Se a situação é de catástrofe estão à espera de a resolver com recolhimento nocturno? Ou lá para o Natal, impedindo viagens? 

Desculpem, mas conheço e estudo há anos a força de trabalho no SNS e acho isto tudo inaceitável. Ou se requisitam os hospitais privados ou se trazem de volta os seus profissionais. 

Temos que parar de fingir que se resolve isto apontando o dedo à população. Uma pandemia não se combate pegando no desgraçado que está só num bar, à noite, a tomar uma ginjinha. 

Há pessoas a morrer que podiam ser salvas? Então porque espera o Governo? 

Raquel Varela

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