TANCOS: Desonra, Cobardia e falta de Vergonha
TANCOS: uma história de Desonra, Cobardia e falta de Vergonha
No final da semana passada ficámos, todos, a saber várias coisas:
1) Que uma ENORME quantidade de Armamento e diverso Material de Guerra que deveria estar nos paióis de Tancos, NÃO está lá;
2) Que o espaço e o peso (300 a 500 Kg) do material envolvido, bem como a localização física das instalações, são impeditivos de uma operação de furto feita rapidamente e sem meios logísticos específicos;
3) Que o sistema de video-vigilância desses armazéns de PERIGOSO material de Guerra está inoperacional há dois anos (e que esta informação era do conhecimento de várias pessoas, INCLUINDO toda a cadeia de comando);
4) Que a cerca que defende o perímetro Militar está esburacada e com estruturas enfraquecidas (e que esta informação era do conhecimento de várias pessoas, INCLUINDO toda a cadeia de comando);
5) Que foi aprovada, recentemente, uma verba para a reparação da cerca e do sistema de vigilância que impedirá (ou documentará) qualquer possível assalto que venha a ocorrer num futuro muito próximo (e que esta informação era do conhecimento de várias pessoas, INCLUINDO toda a cadeia de comando).
A imprensa relata um “assalto” feito numa noite em que foram desactivadas (por quem?) as rondas por várias horas. Este “assalto” justificará, então, as diferenças existentes entre a lista de material que deveria estar guardado e aquele que realmente está. Vale a pena relembrar que um “assalto” como este não será possível dentro de pouco tempo, depois das reparações já previstas e PUBLICADAS.
Não quero, aqui, saber se o material em questão foi mesmo todo roubado. Ou se foi só algum e o “assalto” está a ser usado para corrigir diferenças de inventário (coisas que já saíram legal ou ilegalmente há muito tempo, coisas que foram dadas como recebidas e pagas e nunca entraram, coisas que foram consumidas em treinos ou operações e que não foram correctamente registadas, etc..). Isso é uma tarefa para a Polícia Judiciária Militar.
Como cidadão preocupam-me, no médio e longo prazos, três questões fundamentais:
A) Qual a lista exacta do material agora perdido (e só mesmo o que agora foi perdido);
B) Que se está a fazer (e com que meios) para recuperar esse material (trata-se de material de Guerra, de elevada perigosidade);
C) Saber se é SÓ a Polícia Militar que esta envolvida nesta investigação (recordo que o facto de algumas das estruturas de comando serem as mesmas, formadas por pessoas com as mesmas origens e com relações entrecruzadas ao longo de anos, o pode desaconselhar).
Mas, no curto prazo, as nossas preocupações (de nós TODOS) deveriam ser outras, bastante mais profundas (pelo seu potencial efeito multiplicador):
1) NENHUM dos responsáveis Militares pelas instalações se demitiu ou publicamente assumiu qualquer responsabilidade: e isto pode ser entendido, pela estrutura comandada, como potencialmente demonstrativo de falta de honra (o que, e bem, é entendido como muito grave entre militares)!
2) O Chefe do Estado-Maior demitiu os ditos responsáveis SEM ter apresentado a sua demissão: e isso pode ser eventualmente entendido, por toda a estrutura comandada, como uma situação potencialmente demonstrativa de uma possível falta de liderança!
3) Aparentemente estas demissões só ocorreram porque o poder político as exigiu e o Chefe do Estado-Maior não foi capaz de defender os seus homens: e isso pode ser entendido por todos como uma situação de falta de coragem (o que, e bem, é também entendido como muito grave entre militares)!
4) FINALMENTE, e mais importante de tudo, se é verdade que houve pressões do Ministro para se salvaguardar a si próprio, isso é demonstrativo de uma imensa FALTA de VERGONHA.
No limite, se tudo isto fosse verdade, poderíamos estar perante uma situação de militares sem honra, comandados cobardemente e tutelados por um desavergonhado. Isto sim seria, se fosse verdade, ATERRADOR! Muito mais que o pretenso desaparecimento do armamento.
Carlos Paz
No final da semana passada ficámos, todos, a saber várias coisas:
1) Que uma ENORME quantidade de Armamento e diverso Material de Guerra que deveria estar nos paióis de Tancos, NÃO está lá;
2) Que o espaço e o peso (300 a 500 Kg) do material envolvido, bem como a localização física das instalações, são impeditivos de uma operação de furto feita rapidamente e sem meios logísticos específicos;
3) Que o sistema de video-vigilância desses armazéns de PERIGOSO material de Guerra está inoperacional há dois anos (e que esta informação era do conhecimento de várias pessoas, INCLUINDO toda a cadeia de comando);
4) Que a cerca que defende o perímetro Militar está esburacada e com estruturas enfraquecidas (e que esta informação era do conhecimento de várias pessoas, INCLUINDO toda a cadeia de comando);
5) Que foi aprovada, recentemente, uma verba para a reparação da cerca e do sistema de vigilância que impedirá (ou documentará) qualquer possível assalto que venha a ocorrer num futuro muito próximo (e que esta informação era do conhecimento de várias pessoas, INCLUINDO toda a cadeia de comando).
A imprensa relata um “assalto” feito numa noite em que foram desactivadas (por quem?) as rondas por várias horas. Este “assalto” justificará, então, as diferenças existentes entre a lista de material que deveria estar guardado e aquele que realmente está. Vale a pena relembrar que um “assalto” como este não será possível dentro de pouco tempo, depois das reparações já previstas e PUBLICADAS.
Não quero, aqui, saber se o material em questão foi mesmo todo roubado. Ou se foi só algum e o “assalto” está a ser usado para corrigir diferenças de inventário (coisas que já saíram legal ou ilegalmente há muito tempo, coisas que foram dadas como recebidas e pagas e nunca entraram, coisas que foram consumidas em treinos ou operações e que não foram correctamente registadas, etc..). Isso é uma tarefa para a Polícia Judiciária Militar.
Como cidadão preocupam-me, no médio e longo prazos, três questões fundamentais:
A) Qual a lista exacta do material agora perdido (e só mesmo o que agora foi perdido);
B) Que se está a fazer (e com que meios) para recuperar esse material (trata-se de material de Guerra, de elevada perigosidade);
C) Saber se é SÓ a Polícia Militar que esta envolvida nesta investigação (recordo que o facto de algumas das estruturas de comando serem as mesmas, formadas por pessoas com as mesmas origens e com relações entrecruzadas ao longo de anos, o pode desaconselhar).
Mas, no curto prazo, as nossas preocupações (de nós TODOS) deveriam ser outras, bastante mais profundas (pelo seu potencial efeito multiplicador):
1) NENHUM dos responsáveis Militares pelas instalações se demitiu ou publicamente assumiu qualquer responsabilidade: e isto pode ser entendido, pela estrutura comandada, como potencialmente demonstrativo de falta de honra (o que, e bem, é entendido como muito grave entre militares)!
2) O Chefe do Estado-Maior demitiu os ditos responsáveis SEM ter apresentado a sua demissão: e isso pode ser eventualmente entendido, por toda a estrutura comandada, como uma situação potencialmente demonstrativa de uma possível falta de liderança!
3) Aparentemente estas demissões só ocorreram porque o poder político as exigiu e o Chefe do Estado-Maior não foi capaz de defender os seus homens: e isso pode ser entendido por todos como uma situação de falta de coragem (o que, e bem, é também entendido como muito grave entre militares)!
4) FINALMENTE, e mais importante de tudo, se é verdade que houve pressões do Ministro para se salvaguardar a si próprio, isso é demonstrativo de uma imensa FALTA de VERGONHA.
No limite, se tudo isto fosse verdade, poderíamos estar perante uma situação de militares sem honra, comandados cobardemente e tutelados por um desavergonhado. Isto sim seria, se fosse verdade, ATERRADOR! Muito mais que o pretenso desaparecimento do armamento.
Carlos Paz