Nascimento de Portugal - Batalha de São Mamede
Batalha de São Mamede: 24 de Junho de 1128
Combate travado no lugar de São Mamede, nas vizinhanças de Guimarães. Assinala a afirmação da independência portuguesa face a Galiza, pela vitória do jovem D.Afonso Henriques contra as tropas da sua mãe, D. Teresa, e do conde Fernão Peres de Trava.Afonso Henriques comandava um exército de nobres do Condado Portucalense, descontentes com a hegemonia galega sobre os destinos do território de Entre-Douro-e-Minho, personificada na família dos Travas. Lutando contra os cristãos de Leão e Castela e os muçulmanos, Afonso Henriques conseguiu uma importante vitória contra os Mouros na Batalha de Ourique, em 1139, e declarou a independência.
Nascia, pois, em 1139, o reino de Portugal e a sua primeira dinastia, como rei Afonso I de Borgonha (Afonso Henriques)
Motivos da batalha
Após a morte de D. Henrique, em 1112, fica D. Teresa a governar o condado, pois achava que este lhe pertencia por direito, mais do que a outrem, já que lhe tinha sido dado por seu pai na altura do casamento. Associou ao governo o conde galego Bermudo Peres de Trava e o seu irmão Fernão Peres de Trava. Terá até talvez casado em segundas núpcias com Bermudo, do qual terá tido uma filha.A crescente influência dos condes galegos no governo do condado Portucalense levou à revolta verificada em 1128, protagonizada pela grande maioria dos infanções do Entre Douro e Minho.
Estes escolheram para seu caudilho, D. Afonso Henriques, filho de D. Henrique e de D. Teresa. A Galiza, incluindo debaixo desta denominação a extensa província portugalense e que naturalmente se devia considerar como incorporado o território novamente adquirido ao Garb muçulmano, constituía já um vasto estado remoto do centro da monarquia leonesa.
Os condes que dominavam os distritos em que esse largo tracto de terra se dividia ficavam assaz poderosos para facilmente se possuírem das ideias de independência e rebelião comuns naquele tempo, tanto entre os sarracenos como entre os cristãos. Afonso VI pôde evitar esse risco convertendo toda a Galiza, na mais extensa significação desta palavra, em um grande senhorio, cujo governo entregou a um membro da sua família (...)"
História de Portugal de Alexandre Herculano
Na batalha de São Mamede defrontam-se os exércitos do conde Fernão Peres de Trava e o dos barões portucalenses. Estes últimos quando venceram Fernão Peres pretendiam apenas obriga-lo a ceder o governo do condado portucalense ao príncipe herdeiro.
A intervenção dos barões portucalenses, liderada pelos senhores de Sousa e de Ribadouro, resultava de um longo percurso, ao longo do qual as linhagens de Entre Douro e Minho tinham solidificado o poder que exerciam na região. Pretendiam, como desde o tempo da condessa Mumadona Dias ocupar um lugar que não estivesse subordinado a ninguém, a não ser uma autoridade local em serviço dos seus interesses. O jovem herdeiro do condado servia exactamente a essa pretensão.
Após a vitória Afonso Henriques tomou a autoridade com todo o vigor.
Afonso VII de Leão, ocupado com as vicissitudes da política leonesa, não atribui importância a esta mudança de poder no condado, e limita-se a aceitar o preito de fidelidade de D. Afonso Henriques em 1137. Porque isso contribuía para engrandecer o prestígio do imperador Afonso VII, a chancelaria leonesa não hesita em atribuir o título de rei ao príncipe português. Podia assim Afonso VII afirmar a sua condição de imperador, o qual tem Reis por vassalos.
Entre os principais barões portucalenses que participaram na batalha de São Mamede ao lado de D. Afonso Henriques, estão Soeiro Mendes de Sousa «O Grosso» (1121-1137), Gonçalo Mendes de Sousa «Sousão» (1154-1167), Egas Moniz de Ribadouro «O Aio» (1108-1146), Gonçalo Mendes da Maia «O Lidador» e outros.
por João M. Tomas dos Anjos
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