Lenda da Boa Nova e a Fonte Santa
Perto do Alandroal onde fica Terena, aldeia orgulhosa do seu Pelourinho. Pois vamos contar a lenda da fundação da igreja de Nossa Senhora da Boa Nova, que é anterior ao castelo,este mandado fazer pelo rei D.Dinis, o lavrador-trovador. Porém, temos duas versões da lenda,o que por si só é já interessante.
Pois a primeira diz-nos que a filha de D. Afonso IV, o BRAVO, era casada com o rei de Castela, mas genro e o sogro não se entendiam. Ora, de uma vez, os mouros atacaram os castelhanos, e a Rainha de Castela e princesa portuguesa deslocou-se a Portugal para pedir auxílio ao pai.
Sobre a viagem, é contado que, já em território português, repousando no Alandroal, assistiu a um belo amanhecer e logo lhe deu o nome de Lucefécit, que quer dizer «luz se fez».
Dali, a Rainha mandou um emissário a Évora, onde estava a corte de D. Afonso IV, suplicando-lhe que apoiasse o marido. O pai respondeu afirmativamente, e a alegria foi tal, que a Rainha mandou edificar ali perto em Terena, uma igreja a que deu o nome de Nossa Senhora da Boa Nova.
No entanto, na segunda versão da lenda, o rei terá mandado dizer a filha que não apoiava o genro. Porém, logo a seguir, D.Afonso IV reconsiderou, mudando de opinião e apressou-se a enviar dois cavaleiros a toda a brida, que foram encontrar a rainha de Castela em Terena. Exactamente no sítio em que ainda hoje vemos a cruz que assinala esse mesmo encontro. Perguntou-lhes ela ao que vinham e responderam os cavaleiros:
- Boa nova temos Senhora. O vosso pai acede ao vosso pedido e vai em breve com o exército Português combater os mouros! (1)
A rainha ajoelhou-se e disse que, perante a resposta de seu Pai e rei de Portugal, ali mesmo mandaria construir um templo sob a invocação de Nossa Senhora da Boa Nova. E, valha a verdade histórica, acabou mesmo por cumprir esta promessa.
Existe ainda uma outra lenda no Alandroal em que se diz que numa prisão junto ao mar havia um homem algemado de pés e mãos. Ele dizia-se inocente, mas ninguém o acreditava.
Ora um dia, o carcereiro foi levar-lhe comida e viu que as algemas tinham desaparecido, embora o preso lá estivesse. Porém, este dizia que não sabia o que se passara, reiterando a sua inocência. Dias a fio os guardas algemaram-no, mas as algemas desapareciam.
Passados tempos nisto, o preso disse que as algemas haviam ido parar a Terena, podendo ser encontradas na igreja de Nossa Senhora da Boa Nova.
E não é que estavam mesmo?!
Acreditando então na sua inocência as autoridades soltaram-no.
E, por fim, uma terceira lenda que se refere à cruz do encontro. É sobre a ermida de Nossa Senhora da Fonte Santa. É sobre a Ermida de Nossa Senhora da Fonte Santa.
Pois para lugar deste tinha sido escolhido num alto, ao pé da estrada, vindo do lado da vila do Alandroal,onde hoje está a tal cruz. Logo logo no início, os alvenéus colocavam os materiais para a edificação naquele ponto e, na manhã seguinte, eles apareciam onde hoje está o pequeno templo. Quanto à massa, essa ficava no mesmo sítio, mas tão dura que não servia para nada!
Ao cabo de alguns dias de tentativas, os construtores renderam-se ao sítio da vontade divina e foram compensados com o aparecimento de uma fonte - santa fonte! - que jorrava para a ribeira...
(1) Tratou-se da Batalha do Salado (30 de Outubro de 1340) onde o nosso BRAVO se cobriu de glória, ajudando o seu "pérfido genro que maltratava a sua filha" a derrotar os mouros. E bem avisado estava porque, caso os mouros vencessem, tinha-mo-los à perna no Algarve, e não só...