«Foi você que pediu este orçamento?» Joana Amaral

A esquerda queixa-se do populismo depois de o ter convidado para jantar. - Joana Amaral Dias


Convidado especial

Foi você que pediu este orçamento? Quem se sente representado quando o maior instrumento político conserva e aumenta os privilégios dos poderosos e castiga os que menos têm?

Desde logo continuam as injecções de capital nos bancos delinquentes financeiros, desde o BES ao BPN. Sim, leu bem, os de Ricardo Salgado e de Oliveira e Costa, sendo que ambos continuam soltos por aí.

Pois, uma das maiores rubricas deste orçamento, como habitualmente, refere-se às despesas excepcionais, 7 mil milhões que passam quase sem escrutínio, mesmo que seja uma verba superior à da Justiça, por exemplo.

Também continuam as ruinosas parcerias público-privadas, uma hemorragia dos cofres públicos que este governo quer até engrossar. Enquanto isso, a electricidade continua a ser taxada como bem de luxo (não admira que ainda se morra de frio), não se vinca a progressividade do IRS nem o englobamento dos rendimentos para promover maior equidade.

Também não consta a reposição do investimento público (lá vem mais degradação do serviço nacional de saúde). Claro que para manter esta aberração nada melhor do que o défice de meios na PJ e no combate à corrupção.

Enfim, a esquerda deixou passar e amanhã estará a carpir o aumento da extrema direita. Queixa-se do populismo depois de o ter convidado para jantar.
Joana Amaral Dias

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