A mensagem é clara: trabalhem mas não se divirtam

No IC19 não há COVID-19
RAQUEL VARELA

Vamos ter que ser convencidos porque é que é possível reabrir fábricas, empresas, transportes públicos em massa, recolocar mais de 3 milhões pessoas a trabalhar as usual, escolas, e não abrir praias, jardins, restaurantes, surf. A doença é tão grave que só se apanha no lazer, em família, nunca no trabalho, ao lado e em contacto com centenas de pessoas?

A mensagem é clara: trabalhem mas não se divirtam. O vírus está inactivo quando estão activos e ataca fervorosamente depois das 8 da noite quando pretendem descansar e usufruir de prazer e tempo livre, supremo pecado.

Sim, segundo o Grande Plano Quinquenal do Governo para cuidar das nossas vidas, o COVID-19 está ausente do autocarro e da empresa, mas é um perigo quando se dá um mergulho e se bebe um copo numa esplanada. Podem ir trabalhar, mas quando regressam fechem-se em casa e não respirem.

Sabem o que dizia Hannah Arendt na sua trilogia? Que o Estalinismo e o Nazismo eram sociedades totalitárias, em que o Estado não deixava margens para a liberdade individual. Mas ela também dizia, na segunda parte dessa trilogia, parte sempre esquecida de citar por liberais e social democratas, que o imperialismo moderno, época histórica em que vivemos, era a matriz do totalitarismo. Na realidade havia 4 tipos de sociedades onde o totalitarismo se expandia, segundo Arendt: nazismo, estalinismo, colónias e imperialismo, fase de máximo desenvolvimento do capitalismo.

Agora que Costa explica que é assim, como ele quer, "diga o que disser a Constituição", desobeder começa a ser um acto necessário para repor a legalidade e a liberdade. Ou estamos confinados ou estamos livres.

Estar confinado só quando não estamos a trabalhar ou a ir para o trabalho ou a ir comprar comida para manter o corpo, é simplesmente inaceitável - não há ciência que suporte este Plano. É delírio ideológico, é reduzir a vida dos seres humanos à existência biológica, trabalho e comida.

Ora, todos os estudos são inequívocos: as pessoas contaminaram-se nos hospitais, nos lares, no supermercado, e no trabalho e, dentro de casa, em contacto com familiares que se contaminaram no trabalho. O lugar mais seguro para estarmos é justamente na esplanada, no jardim e na praia.

Compreendo que se regresse ao trabalho, e com protecções, jamais que se vede o acesso ao tempo livre. Sim, estamos em descontrolo totalitário, a um passo de não termos existência individual livre. Raquel Varela

O Governo foi mais rápido a injectar dinheiro no Novo Banco do que no SNS em pleno surto. Essa é a crise que temos que discutir assim que o surto estiver controlado.
- Raquel Varela