Engana-me, que eu gosto - Joana Amaral Dias
Verdade enganadora
Pedir às sociedades de advogados que previnam o branqueamento de capitais é como pedir às cadeias de ‘fast food’ que previnam o colesterol.fonte: ECO
Pedir às sociedades de advogados que previnam o branqueamento de capitais é como pedir às cadeias de fast food que previnam o colesterol ou esperar profilaxia do uso de combustíveis fósseis pelas petrolíferas.
Estes escritórios (sobretudo os grandes) transformaram-se em potentes lavandarias - em vez de cumprirem o seu muito importante papel na defesa do Estado de Direito e do acesso aos tribunais, dedicam-se ao crime de colarinho branco, não apenas sendo cúmplices de quem os procura para tal, como também aconselhando outros clientes, orientando-os activamente para o ilegal e ilícito.
Portanto, é para rir a nova norma que estabelece que doravante essas sociedades vão ter um responsável pela prevenção do branqueamento de capitais que reportará operações suspeitas ao bastonário que, por sua vez, as encaminhará para as autoridades. Quem acredita?
Apesar dos nossos 30 mil advogados terem todos obrigações nesta área há anos, contam-se pelos dedos de uma mão os alertas que foram dados, ainda que Portugal seja um dos campeões em fugas para paraísos fiscais e outras golpadas.
Mas enfim, também só lhes pedem que previnam... já se lhes exigissem que combatessem a criminalidade organizada, a maioria abriria falência.
Exacto. Engana-me, que eu gosto.
Joana Amaral Dias
Deixe o seu comentário