Susana Peralta: Dinheiro público mal gasto. E há pessoas com fome
Dinheiro público mal gasto e pessoas sem dinheiro para o pão.
Se foi tímido na despesa direta, Portugal foi mais generoso a empurrar problemas com a barriga. Dinheiro, há. Só que é mesmo muito mal gasto. E há pessoas com fome.
Tudo isto é triste. Mas será que tudo isto é fado? Não. É escolha.
Há duas semanas, escrevi com um conjunto de pessoas uma carta ao ministro das Finanças, onde questionamos uma série de verbas não justificadas inscritas no OE 2021.
Este dinheiro podia servir para ajudar as portuguesas e os portugueses que não conseguem pagar o pão.
Exemplos? Quase 10 mil milhões de "despesas excecionais", 5 mil milhões de empréstimos não sabemos a quem, 2 mil milhões de participações de capital também sem destinatário conhecido. Recordo os mil e cem milhões enterrados na TAP em 2020 em nome de um duvidoso interesse nacional.
E a previsão – mal amanhada, porque ainda não conhecemos o famoso plano de reestruturação – de mais meio milhão em 2021, nesta empresa cronicamente deficitária, de um sector cronicamente deficitário, com perspetivas negras nos próximos anos.
Repito aqui dois números, para que não restem dúvidas. Despesa adicional em saúde, segundo o FMI: 1,5 mil milhões. Segundo a Comissão, foi metade. Ajudas diretas a famílias e empresas: 4,5 mil milhões.
Dinheiro, há. Só que é mesmo muito mal gasto. E há pessoas com fome.
Pela primeira vez em sua casa, uma história em 6k carateres que olha para os valores do Fiscal Monitor do FMI, das recomendações da Comissão Europeia desta semana, dos cálculos do Bruegel sobre as ajudas à economia, e ainda da carta enviada ao Ministro das Finanças por 18 pessoas, incluindo eu própria, João Paulo Batalha, Nuno Garoupa, Raquel Varela, Paulo de Morais, Henrique Neto, Bárbara Rosa, entre outras pessoas preocupada.
A história é simples. Há dinheiro, está é mal gasto.
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