Ministros a duzentos: A petulância patética do Poder - Moita Flores

Ministros a duzentos: A petulância patética do Poder - Moita Flores

MINISTROS A DUZENTOS: 
A morte de um trabalhador numa autoestrada por um carro do ministro Eduardo Cabrita, destapou a petulância patética do Poder. 

Agora foi o ministro do Ambiente que foi a apanhado a duzentos. O primeiro ministro a duzentos. E por aí adiante. Tornaram-se notícia os crimes cometidos por esta gente, pois de crimes se tratam. Dos quais saem sempre impunes. 

Mas atribuir esta realidade apenas a este Governo é pura ingenuidade. Aqui, no que respeita a excessos de velocidade, o cadastro de todos os governos é longo. É uma herança pacóvia que transmitem uns aos outros. Dois argumentos, e os dois falsos, justificam estas velocidades brutais onde se colocam em perigo e fazem perigar a vida dos cidadãos comuns. A segurança, por uma lado e sobretudo desde os atentados terroristas pela Europa, e a emergência do serviço que prestam. 

Sejamos complacentes: Não são apenas ministros e secretários de Estado que governam a duzentos. Os seus acólitos mais próximos, chefes de gabinete, adjuntos, assessores também marcham a duzentos. 

Bem se pode dizer que os últimos governos, de há vinte anos a esta parte, foram requisitados numa Loja dos Duzentos. Mas, na verdade, o que está por detrás destas velocidades que matam? Nem segurança nem assunto de Estado. 

Apenas sentir o poder. Qualquer puto que tirou a carta, nos quais me incluo, a primeira vez que conduziu sentiu esse inconfundível prazer de dominar a máquina. De ser reconhecido pela marca do carro. De usufruir de aparente prestígio por conduzir uma ‘bomba’. 

Com excepção de casos patológicos em que se projeta no automóvel e na estrada, a glória do condutor, com o passar dos anos, conduzir torna-se numa banalidade. Numa coisa tão vulgar que não desperta a atenção de qualquer outro vulgar cidadão. 

Porém, o poder embebeda os sentidos e é difícil usá-lo sem que o narcisismo, a vaidade pessoal, a incapacidade de admitir que se está ao serviço do bem comum, mas apenas dos próprios caprichos pessoais, do prazer orgástico em ser conduzido num carro de alta cilindrada, ainda por cima, com motorista. 

É uma bem aventurança irreprimível. A pesporrência e a soberba no seu estado mais puro. A iliteracia e incivilidade que o poder legitima e a convicção que não há polícia que se atreva a prender um ministro, e seu motorista (porque este cumpre as ordens daquele) ao apanhá-los em flagrante no crime de condição perigosa. 

Não é mais do que isto: assumir com arrogância o deslumbramento do puto que conduz pela primeira vez. Tudo se resume a educação (que não têm), ao respeito pelas leis do Estado (que apenas valem para os outros), à decência (que defendem com a mesma rijeza da dona de um bordel). 

Ninguém julga comprar coisa com apreço numa loja dos Duzentos, não é? Apenas coisinhas utilitárias. É isso. O mata moscas, as máscaras, o canivete para abrir pinhões. É isto que nos governa. Coisinhas. 
Boa Saúde para Todos! 

Francisco Moita Flores 
https://www.facebook.com/moitaflores/posts/6499663723384389

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