«Salários de Miséria. 45 anos depois do 25 Abril» Paulo Morais

Se há problema que Portugal não tem é o de salários altos.

(Paulo de Morais)



Salários de Miséria. 45 anos depois do 25 de Abril, 33 anos depois de entrarmos na União Europeia, um motorista de pesados tem, em Portugal, um ordenado base de cerca 630 Euros. Obviamente que os motoristas estão descontentes, como descontentes deveriam estar todos os milhões que em Portugal ganham miseravelmente, mas que infelizmente aceitam este fado sem reclamar, passivamente.

Inexplicavelmente, o Governo, ao mesmo tempo que concede a Magistrados aumentos de 700 Euros por mês (absurdo assunto a que voltarei aqui), arbitra o conflito entre motoristas e Transportadoras, a favor dos patrões - mesmo que para tal ponha em causa legislação fundamental como a do Direito à Greve. Seria normal que o Governo pugnasse a favor do aumento faseado de salários (acho!), não só nesta classe profissional, mas de uma forma generalizada.

Também inexplicavelmente, uma parte significativa da opinião pública acha que os Motoristas de Pesados devem continuar a ganhar como salário base aproximadamente o salário mínimo. Síndrome estranho em que os escravos não querem que outros escravos se libertem da opressão (neste caso da miséria salarial em que quase todos vivem).

Esta opressão tem, aliás, origem bem conhecida: se os recursos e a riqueza do País foram canalizados para a corrupção na EXPO 98 e no Euro 2004, para a corrupção no BPN e BPP, nas Parcerias Público-Privadas, na compra de submarinos, no BES e no Banif, na Caixa Geral e outros tantos casos - depois não há dinheiro para pagar salários dignos a quem trabalha.

Duas últimas notas: 1) se há problema que Portugal não tem é o de salários altos; 2) quando um Povo é oprimido, como o foi o polaco, na foto, a Greve é um recurso justo e necessário.

Paulo de Morais

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