Ministro do Ambiente apanhado em excesso de velocidade

Joana Amaral Dias: "Uma casta política que se julga acima da lei. E até do escrutínio público."


Ministro do Ambiente apanhado em excesso de velocidade

Depois do acidente de Cabrita, o ministro do ambiente João Matos Fernandes também foi apanhado com o pé pesado no pedal. [200 KM/H na A2] 

Cavaco Silva, Manuel Pinho, Paulo Portas, o ministro da Economia da altura, Carlos Tavares; o então ministro da Educação, David Justino; a ministra da Ciência e do Ensino Superior, Maria da Graça Carvalho; o ministro da Cultura, Pedro Roseta, Manuela Ferreira Leite, o antigo ministro das Cidades e do Ordenamento do Território, Amílcar Theias e até o próprio secretário de Estado que tutelava a segurança rodoviária, Nuno Magalhães, rosto da luta contra a sinistralidade e da civilidade nas estradas. 

Eis um fragmento da lista de governantes apanhados em excesso de velocidade. Estes crimes entroncam num problema maior - uma casta política que se julga acima da lei, palaciana e impante, que acha que tudo pode. Escolhe sempre grandes carrões, pacóvia vive obcecada com popós e burricos, ávidos de estatuto que magicamente acredita que virá de um monte de lata. 

Em vez de ter grandes frotas de topo de gama, que tal se andassem mais de transportes públicos, como tantos políticos fazem por essa Europa fora? Claro que não é preciso cair em miserabilismos e, realmente, o Estado precisa de alguns bons carros, mas não é necessário ter 11 motoristas como o primeiro ministro ou mal se chega à presidência da União Europeia ir logo enfardar uma série de altas cilindradas como aconteceu há uns meses com Portugal. Vergonha alheia. 

Enfim, como se não bastasse este deslumbramento das nossas elites como ébrias traças em redor da luz, não assumem os seus erros, não são capazes de pedir desculpa. Não servem de exemplo nem para combater este flagelo nacional do excesso de velocidade e dos acidentes assim provocados, nem se prestam a modelo das virtudes públicas e da ética republicana. 

É por isso que depois atiram as culpas para os motoristas (Salgado também acusou o contabilista e Medina o funcionário camarário), como se não existissem hierarquias e responsabilidades intrínsecas. Não há estadistas, realmente. Não há serviço público. Ficámos com estes fungos que parasitam a coisa pública. Mas não se esqueçam - nós é que somos os seus hospedeiros. (Joana Amaral Dias) 

video: JAD TVI24. Edição: Pg.


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