Miguel Szymanski: O chefe do governo e a imprensa

As negociatas de bastidores, para consolidar a opinião pública e obter resultados eleitorais, são sempre peças-chave. Em 1926 e hoje.

Miguel Szymanski: O chefe do governo e a imprensa

'Tudo tem de mudar para que tudo fique como está' 
O chefe do governo e a imprensa.

O chefe do governo português contacta o maior capitalista nacional para este comprar o 'Diário de Notícias'. O empresário diz-se disposto a comprar o jornal e a entregar a linha editorial ao governo. Em contrapartida exige benefícios fiscais para os seus produtos. 

Isto passou-se em 1926, em Portugal. O industrial era o dono da CUF e da Casa Totta, fundador daquele que viria a ser o Grupo Mello; o chefe do governo era António Maria da Silva, líder do partido de centro-esquerda e último governante da Primeira República. 

A consolidação dos grandes grupos económicos em Portugal dá-se depois durante a ditadura. Já os maiores e mais proveitosos golpes foram os dos anos 90 e dos anos zero, através das parcerias público-privadas e de outros esquemas no sector financeiro. 

Alguns grupos novos surgiram, apoiados pelo poder político, por sua vez pago pelos empresários a peso de ouro. 

Durante os períodos em que não há censura oficial, as negociatas de bastidores, as licenças e acordos na comunicação social, para consolidar a opinião pública e obter resultados eleitorais, são sempre peças-chave. Em 1926 e hoje.

Miguel Szymanski (09-08-2021)
https://www.facebook.com/miguelszymanski/posts/10226991954533654

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