Miguel Szymanski: Os jornalistas e os vendidos

"Os jornalistas e os outros. Os vendidos"

Miguel Szymanski: Os jornalistas e os vendidos

Toda a minha vida profissional como jornalista, já lá vão 30 anos, tive colegas que eram e, alguns, ainda são, excelentes jornalistas. A maioria foi despedida, humilhada, forçada a sair do jornalismo.


A teia de interesses que une os vários sectores do poder na capital portuguesa não admite a isenção nem premeia a liberdade editorial (tive a sorte de ter sempre um pé profissional fora de Portugal, o que várias vezes me salvou de ficar sem trabalho).


Depois houve os outros. Os vendidos.  Em Lisboa conheci-os a todos, trabalhei com muitos deles. Desde a primeira hora, usavam o jornalismo. Usavam-no, violavam-no, traficavam-no, trocavam-no, ora por migalhas, ora por uma fatia de bolo.


Não eram nem são jornalistas; bastava, basta falar com eles uma, duas vezes para o perceber. Estavam, estão, no jornalismo, à espera da paga. 


Enquanto lá estão, recebem instruções, seguem agendas, fazem favores, e, à custa disso, vão subindo nas hierarquias. Sempre a correr atrás de uma fatia maior do bolo, da dose de natas em cima da fatia do bolo, da cereja em cima das natas, dos talheres de prata para comer o bolo. Gulosos, insaciáveis, desprezíveis.


Os mais espertos entre eles estão agora nas fundações, nos bancos, nos corredores do poder, são assessores ou presidente.


N.B. Este texto foi retirado de um artigo de opinião que escrevi há já alguns anos.


Miguel Szymanski

https://www.facebook.com/miguelszymanski/posts/10229106094625835


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