«Deixem as crianças em paz» - Joana Amaral Dias

Deixem as crianças em paz. Realmente, elas não são propriedade dos pais, mas muito menos o são do Estado.

«Deixem as crianças em paz» - Joana Amaral Dias

O bom tabu

O “Pride dos Pequeninos” concretizou-se há uns dias em Évora. Ou seja, numa cidade interior portuguesa (não propriamente numa megalópole) ocorreu um evento de orgulho sexual para crianças pequenas. Acontece que, como deveria ser evidente, os miúdos não devem ser estimulados erótica, libidinal ou sexualmente. 

Ora, homens vestidos de mulher a falar de sexo e de drogas com catraios é violência infantil. Afinal, o que apresentaram a este verde público? Castração química/hormonal, mastectomias e ablação do pénis? É que mesmo os desenhos do respectivo cartaz tinham comprimidos e cápsulas misturados com chupa-chupas. Certo é que, se em várias geografias este tipo de iniciativas perversas são comuns, em Portugal começam a banalizar-se. 

Se na Fnac já aconteceu a “Hora do Conto” - onde se narram histórias a crianças dos cinco aos nove anos e onde actuam dragqueens -, agora, a coisa chegou ao Alentejo. Repare-se que até há pouco tempo se combatia a mutilação genital infantil e se chamaria a CPCJ se algum puto fosse levado a um show de dragqueens. Hoje, em alguns países, pais que rejeitem o “novo nome” dos filhos declarado pela escola passam a ser investigados pelas comissões de protecção de menores e até podem perder a sua tutela.

Educar para a inclusão não passa por travestis, mas sim pelo fomento da empatia, pelo respeito pelos limites, integridade e dignidade. Pelo oposto de um “Pride dos Pequeninos”. Dos seis aos 12 anos, as idades escolares por excelência, o aparelho psíquico está essencialmente vocacionado para a alfabetização e para as primeiras operações matemáticas, raciocínios lógicos e maior capacidade de observação. Neste estádio, os miúdos passam a ser menos egocêntricos, menos libidinais, disponibilizando o seu próprio espaço mental sobretudo para o desenvolvimento cognitivo. 

Sentimentos como vergonha, repulsa e moralidade irrompem com força. São parte integrante do processo de maturação mental e, ademais, serão necessários para estruturar a puberdade. Sexualizar os miúdos neste período ameaça o que é normativo e desejável, isto é, crianças sobretudo focadas nas aquisições escolares. Alocar os seus recursos psíquicos ao erotismo é distraí-las do essencial, eventualmente lesar até a sua evolução académica.

Há bons tabus, fundantes civilizacionais, como a interdição do incesto, e este é outro. Nestas faixas etárias há que ensinar o valor da biologia, e não que a biologia não tem valor. Nesta altura, educar para a sexualidade é deseducar e confundir. Ao contrário do que está na moda agora impingir, não há crianças trans porque não há crianças com sexualidade completa. E atenção: o transtorno de identidade/disforia de género, frequentemente invocado para legitimar esta onda, é uma patologia de baixíssima prevalência. Sim, o que há aqui é uma moda, uma onda, uma tendência. Ao contrário do que se possa pensar, até algo tão delicado e reservado como a sexualidade pode ser alvo de vagas. Inclusive a morte. 

Por isso foram possíveis fenómenos como o Efeito Werther, quando o romance homónimo de Goethe com um protagonista suicida levou a dezenas de suicídios por imitação no século XVIII ou, já no final do século XX, o suicídio simultâneo de quase 1000 pessoas (muitas tinham até uma educação formal elevada e muitas mataram também os seus filhos pequenos). 

Portanto, se a morte pode ser contagiosa, se a mente humana é tão sugestionável e mesmerizável, entenda-se que o aumento das mudanças de sexo está também relacionado com a propaganda massiva que esta agenda tem recebido. Mas, também por isso, é sensata a proposta, cada vez mais apoiada, de que estas marchas e arraiais sejam apenas para maiores de idade. 

Até lá, as “preferências” de um miúdo não são, como dito, a sua prioridade, são volúveis e não devem ser manipuladas por pais, comunicação social, professores. Ou autarquias. Falta tanto dinheiro para as políticas de infância e juventude, muitas câmaras estão sem qualquer verba para a cultura, e temos estes Prides financiados com fundos públicos?!

Deixem as crianças em paz. Realmente, elas não são propriedade dos pais, mas muito menos o são do Estado. E, já agora, compreenda-se que protegê-las de propaganda, de modas perigosas, não é um crime de ódio. É um acto de amor.

https://www.facebook.com/joanamaraldias/posts/897847165033185

2 comentários blogger



  1. Deixem as crianças em paz de vez!

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  2. E há quem diga, que a Joana Amaral Dias, é, digamos assim, uma "atolambada". Afinal, o que se vê neste artigo, é que ela é uma pessoa bastante sensata.

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