Paulo Morais: Um Portugal pobre e sem memória

Burnay e Fontes Pereira de Melo



Em 1882, o banqueiro HENRIQUE DE BURNAY celebrou um contrato de PARCERIA PÚBLICO-PRIVADA, com o Estado Português, representado por FONTES PEREIRA DE MELO, Ministro da Fazenda e Presidente do Conselho e Hintze Ribeiro, Ministro das Obras Públicas. O Sindicato bancário dirigido por Burnay comprometia-se a construir em três anos, uma linha ferroviária em Espanha, que ligava Salamanca a Barca d'Alva e garantia a ligação ao Porto. Em contrapartida, o Tesouro garantia-lhes uma renda de 135 contos.

A linha foi inaugurada em Dezembro de 1887, fora do prazo. Volvidos três meses, o projecto falira: 4000 contos de dívidas, prejuízo anual de 600 contos. Os empresários que beneficiavam da renda foram punidos? Não! Foram premiados. Em 1889, duplicaram a renda para 270 contos e ainda lhes concederam a exploração do Porto de Leixões. Três anos mais tarde... faliram novamente. E o Governo veio então superintender a Companhia, com enorme prejuízo para a Fazenda.

Burnay manteve-se milionário, a sua família continuou a alimentar-se de negócios de Estado. Fontes Pereira de Melo ainda dá hoje nome a uma das mais importantes avenidas de Lisboa.

Burnay e Fontes Pereira de Melo foram certamente os inspiradores dos roubos contemporâneos perpetrados por Ricardo SALGADO e SÓCRATES. Estes tudo fazem agora para sair ilesos dos processo judiciais em que estão envolvidos. E, em face do histórico, podem alimentar a esperança de, mais tarde, virem a ser homenageados, dando nomes a praças, ruas e avenidas de um PORTUGAL POBRE E SEM MEMÓRIA.
Paulo de Morais



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